Volto a ser eu mesma, depois do funeral das vítimas do atentado em França e quando se começar a fazer o longo luto do próprio país, pelas razões que aponto de seguida.
Nunca fui partidária do tipo de troça burlesca, sórdida e grotesca que o “Charlie Hebdo” pratica, tal como outras publicações que existiram (não sei se ainda existem) em Portugal e, certamente noutros países, que assestam todas as suas baterias contra uma vítima e não a largam.
Chegada a este ponto, faço um parêntesis. Toda esta matéria é muito delicada porque coloca em jogo as sensibilidades e idiossincrazias de cada um, a sua religião, agnosticismo ou ateísmo, a liberdade de imprensa, os gostos, a cultura e os costumes.
Não gosto de ver satirizada, sistematicamente, perversamente, a religião islâmica, como não gostaria de ver, do mesmo modo, a religião católica, protestante, hebraica, hindu, etc. Porquê? Porque sou simplesmente do género humano.
Chegada a este ponto, quase caía na tentação de dizer: ”há limites para tudo!”. Mas, então, estaria a pôr em causa a liberdade de imprensa e isso, eu não quero, nem sou capaz.
Mas sou capaz, isso sim, de, por imperativo categórico, por uma razão, não só, mas também de caráter convictamente humanista, não ter determinadas práticas ofensivas das religiões, cultura e costumes de outras pessoas diferentes de mim. Porquê? É simples: não os quero ofender nem lhes quero causar qualquer tipo de dano. A minha liberdade acaba onde começa a do outro. Neste caso, (sublinho neste caso) houve razões de sobra para ser solidária com os cartonistas, com o polícia, ou, simplesmente, pessoas barbaramente executadas no ataque em França, mas também com os judeus e com o povo francês.
Chegada a este ponto, quase caía na tentação de dizer: ”há limites para tudo!”. Mas, então, estaria a pôr em causa a liberdade de imprensa e isso, eu não quero, nem sou capaz.
Mas sou capaz, isso sim, de, por imperativo categórico, por uma razão, não só, mas também de caráter convictamente humanista, não ter determinadas práticas ofensivas das religiões, cultura e costumes de outras pessoas diferentes de mim. Porquê? É simples: não os quero ofender nem lhes quero causar qualquer tipo de dano. A minha liberdade acaba onde começa a do outro. Neste caso, (sublinho neste caso) houve razões de sobra para ser solidária com os cartonistas, com o polícia, ou, simplesmente, pessoas barbaramente executadas no ataque em França, mas também com os judeus e com o povo francês.
Por outro lado, afirmo-me pela positiva e tento fazer aos outros o que gostaria que eles me fizessem, prática que todos sabemos difícil em certas ocasiões. Eu sei que Kant anda, algures, a passear por este texto e pelo meu pensamento e não me importo nada, porque julgo-me incapaz de lesar outrem, de livre vontade, na posse da totalidade das minhas faculdades mentais. Coloco de fora o uso de legítima defesa, por razões óbvias.
É por tudo isto que volto a ser eu mesma e não Charlie.
10/11 de janeiro de 2015
Maria Teresa Sampaio
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