Mário Soares [7/12/1924
– 7/1/2017]
Hoje estou triste. Tenho um único desejo: que descanse em paz este homem, combatente pela democracia contra o poder ditatorial de Salazar
e de Caetano, que sofreu na pele a repressão, por defender os seus ideais, e que amava a vida
com alegria e entusiasmo.
Não fui sua apoiante política, mas fui esperá-lo a Santa
Apolónia quando chegou do exílio e votei nele para Presidente da República.
Era um republicano, liberal, polémico, lutador pelos direitos humanos,
pela liberdade, pela democracia e pela paz, uma referência única para o Partido Socialista
Português, de que foi fundador, e sê-lo-á, certamente para Portugal e para a Europa também.
Recordo, na sua partida definitiva, apenas os aspetos
positivos, porque são mais importantes, a meu ver.
Lembro Mário Soares como uma pessoa singular, de grande coragem, culto, com uma enorme
capacidade de diálogo e de tolerância, incansável lutador, que aceitava as derrotas com bonomia, pronto para voltar à luta no momento seguinte. Traçou o seu caminho contra ventos e marés e marcou indubitavelmente os destinos de Portugal. Viveu intensamente, sem nunca se resignar, com sentido de humor, prazer e jovialidade.
Nada mais me importa, a não ser que morreu um HOMEM, um fazedor de destinos, que acabou por ser um vencedor.
Nada mais me importa, a não ser que morreu um HOMEM, um fazedor de destinos, que acabou por ser um vencedor.
mts
Preso pela PIDE várias vezes.
Com Maria Barroso, sua mulher e companheira de sempre. a quem escreveu este poema,
quando se encontrava encarcerado na prisão do Aljube, no ano 1962:
Para ti
Meu amor
Levanto a voz
No silêncio
Desta solidão em que me encontro
Sei que gostas de ouvir
A minha voz
Feita de palavras ternas e doces
Que invento para ti
Nos momentos calmos
Em que estamos sós
Sei que me ouves
Agora…
… uma vez mais
Apesar da distância
E do silêncio
Opera esse milagre
Simples
Como tudo o que é natural
quando se encontrava encarcerado na prisão do Aljube, no ano 1962:
Para ti
Meu amor
Levanto a voz
No silêncio
Desta solidão em que me encontro
Sei que gostas de ouvir
A minha voz
Feita de palavras ternas e doces
Que invento para ti
Nos momentos calmos
Em que estamos sós
Sei que me ouves
Agora…
… uma vez mais
Apesar da distância
E do silêncio
Opera esse milagre
Simples
Como tudo o que é natural
No comboio que o trazia de regresso do exílio.
Chegada a Santa Apolónia
Alegria de viver.
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