Agora, que passaram dois dias sobre a morte de Nelson Mandela, talvez consiga exprimir um pouco do que este Homem representou para mim,
Ele foi o exemplo como combatente, quando contra a violência brutal do apartheid e face às dezenas de mortos provocadas pelo regime racista e fascista, que então governava a África do Sul, ele enveredou pela luta armada. Pagou com a prisão, a condenação a prisão perpétua, a trabalhos forçados e a tuberculose.
"Eu não nasci com fome de liberdade. Nasci livre – livre de todas as formas minhas conhecidas. Livre para correr pelos campos perto da cabana da minha mãe, livre para nadar no ribeiro claro que atravessa a vila, livre para assar milho sob as estrelas e montar na garupa larga de toiros vagarosos.
[…] Foi só quando comecei a aperceber-me qua a minha liberdade de criança era uma ilusão, quando descobri, como jovem, que a minha liberdade já me fora tirada, que comecei a ansiar por ela.
[…] Mas então comecei lentamente a ver que não só não era livre, mas também os meus irmãos e as minhas irmãs não o eram. Vi que não era só a minha liberdade que era limitada, mas a liberdade de todos os que se pareciam comigo."
[…] Foi só quando comecei a aperceber-me qua a minha liberdade de criança era uma ilusão, quando descobri, como jovem, que a minha liberdade já me fora tirada, que comecei a ansiar por ela.
[…] Mas então comecei lentamente a ver que não só não era livre, mas também os meus irmãos e as minhas irmãs não o eram. Vi que não era só a minha liberdade que era limitada, mas a liberdade de todos os que se pareciam comigo."
[…] Eu não sou nem mais virtuoso, nem mais abnegado do que qualquer outra pessoa, mas descobri que não conseguia nem sequer desfrutar das liberdades mesquinhas e limitadas que me eram permitidas, sabendo que o meu povo não era livre. A liberdade é indivisível; as cadeias que acorrentavam um só elemento do meu povo eram cadeias neles todos, as cadeias em todo o meu povo eram cadeias em mim."
Atrás das grades adquiriu a sabedoria, que não reconheço a mais ninguém ao longo do conturbado século XX (admirei Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Che Guevara, mas qualquer um deles de forma muito diferente).
Nelson Mandela é um ser completo e superior em dignidade, coragem e grandeza humana, senhor de uma humanidade e de uma capacidade de perdão sem par.
Usurparam-lhe vinte e sete anos da sua vida, fizeram tudo para o vergar, mas só conseguiram que adquirisse mais força interior.
[…] Foi durante esses longos anos solitários que a minha fome de liberdade para o meu povo se transformou na fome de liberdade para todos os povos, brancos e negros. Sabia muito bem que o opressor precisava tanto de ser libertado como o oprimido. Um homem que rouba a liberdade a outro é prisioneiro do ódio, está preso por trás das grades dos preconceitos e da estreiteza de vistas. Não sou verdadeiramente livre se tiro a liberdade a alguém, da mesma forma que não sou livre quando me tiram a minha liberdade. O opressor e o oprimido são igualmente privados da sua humanidade."
Negociou a sua libertação e no dia 11 de Fevereiro de 1990, com as televisões de todo o mundo a filmarem a sua saída da prisão, deu os passos para a liberdade. De punho erguido.
Tinha setenta e dois anos.
Não esquecerei esse dia, todos esses momentos, que gravei para sempre na memória. Saboreei-os com um júbilo quase semelhante ao que senti no 25 de Abril de 1974. Chorei e ri. Abracei a minha filha. Mais uma vez a vida me surpreendeu.
"Quando saí da cadeia, essa era a minha missão, libertar tanto o oprimido como o opressor. Algumas pessoas dizem que isso se conseguiu agora. Mas eu sei que não é verdade. A verdade é que não somos ainda livres, alcançámos apenas a liberdade de sermos livres, o direito a não sermos oprimidos. Não demos o último passo da nossa viagem, mas sim o primeiro de uma estrada ainda mais comprida e difícil. Pois ser livre não é somente arredar as correntes, mas viver de uma forma que respeite e realce a liberdade dos outros. O verdadeiro teste da nossa dedicação à liberdade está a começar."
Nelson Mandela tem razão: "Tudo é considerado impossível até acontecer".
Quem, entre os seus amigos e inimigos, alguma vez poderia imaginar o que viria a acontecer?
Em 1993 ganhou o Prémio Nobel da Paz juntamente com Frederik de Klerk
Em 27 de abril de 1994 Madiba foi eleito o primeiro Presidente da República negro da África do Sul. Este Homem, de uma grandeza enorme, perdoou aos seus carrascos e revelou-se um líder político exemplar que pôs fim ao apartheid e reconciliou o povo da África do Sul.
"Percorri esse longo caminho para a liberdade. Tentei não fraquejar; dei passos errados ao longo do percurso. Mas descobri o segredo: que, depois de escalar uma grande montanha, apenas se descobre que há muitas mais montanhas para subir. Parei aqui um pouco para descansar, para deitar uma olhada à vista maravilhosa que me rodeia, para olhar para a distância, de onde vim. Mas posso descansar somente por um momento, porque com a liberdade vêm as responsabilidades – e não me atrevo a demorar-me, pois a minha caminhada ainda não terminou.”
Nelson Mandela (18 de Julho de 1918, Mvezo, África do Sul - 5 de dezembro de 2013, Joanesburgo) partiu para sempre.
O mundo inteiro lamenta a perda de um ser humano incomparável.
Ele é o exemplo de que vale a pena ter esperança, não desistir nem odiar, porque tudo pode acontecer.
Ele foi maior e melhor.
Ele foi único.
O seu sorriso é chama que não se extingue.
mts
O seu sorriso é chama que não se extingue.
mts
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