quer chova ou troveje.
Hei de votar até ao fim da minha vida
nem que me levem de rojo.
As sondagens, verdadeiras
ou fabricadas a belo prazer
deixam-me à beira do desencanto,
da incredulidade e da raiva também.
Como, mas como, vou eu aguentar
mais quatro anos esta coligação,
a austeridade, os números mascarados,
os cortes sem piedade,
o desespero de ver os jovens
no desemprego ou na emigração,
os idosos reduzidos ao limiar da pobreza,
o trabalho dos funcionários públicos
desonrado pelo massacre dos
discursos dos governantes,
que encontra eco em parte da população?
Como vou eu aguentar isto
e o que mais vier,
depois das emoções livres de abril?
Como vou olhar para a angústia
contida do meu filho a querer
acreditar em novo emprego?
Como vou suster as lágrimas
que tentam rebentar o dique
quando penso no futuro deste meu país,
dos meus filhos e das minhas netas?
Nãio, não desesperei.
Preparo-me para o pior,
iluminada pela ténue luz
da esperança e de uma surpresa feliz
no final da contagem dos votos.
Não pensem eles, presidente incluído,
que me venceram.
Se a ditadura não conseguiu,
não eram agora estes falsários
que ajoelhados perante a Alemanha,
me enfraqueciam a vontade
e me roubavam o que me resta:
a coragem de lutar pela
igualdade de direitos e oportunidades,
por uma justa repartição da riqueza,
por um ensino e saúde para todos
e pela DEMOCRACIA
contra gente da laia deles.
2 de outubro de 2015
mts
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