Fazes-me tanta falta, mãe. Mãe como nunca tive, que me desse afagos e não apenas ralhos. Queria poder descansar a cabeça no teu colo, desabafar, ouvir-ter e receber compreensão, sabedoria, amor. Como Antero de Quental me sinto:
"Mãe – que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas até o fio
Do meu pobre existir, meio partido…
Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio…
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido…
Eu dava o meu orgulho de homem – dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava,
Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!"
Antero de Quental
Sem comentários:
Enviar um comentário