Sim, eu sei, a vida dói. Há momentos
que quase nos arrastam para o abismo. Há horas em que nos sentimos fechados num
quarto escuro ou numa cela de onde não conseguimos sair. Há dias com tantas
nuvens que não enxergamos o sol. Falo do sol, não apenas astro, mas também luz,
energia, esperança. Se não o temos dentro de nós como bússola, corremos o risco
de nos perder. Pode ser apenas um ténue raio, mas esse mesmo tem um intenso poder
clarificador. Podemos crer ou descrer. Olhar de frente ou virar a cara para não
ver a miséria, as injustiças, os males que corroem o mundo em que vivemos.
Temos essa liberdade de escolha. Mas se optarmos por não nos envolver, e se
nada fizermos, somos responsáveis pelo estado da sociedade que deixamos aos
nossos filhos e netos. Somos o exemplo não apenas do que pensamos, mas também do
que fazemos. Por isso, somos o resultado das nossas escolhas. Não escolher é já
escolher. Deixar correr sem nos envolvermos, por comodidade ou cobardia, também
é uma opção. Não ligar à política é uma forma de ser político, mas absentista.
Não dar nada aos outros, sejam eles da família, amigos ou estranhos, é o mais nefando
egoísmo. Enfim. A vida não é a preto e branco. Existem cambiantes. De um lado
não está o bem e do outro o mal, ou os bons e os maus como os americanos tanto
gostam de simplificar. O que fizermos agora tem implicações amanhã. É preciso
que nos consciencializemos dos nossos atos e omissões. A liberdade não é um
estado puro, sem quaisquer condicionalismos.
Ser Livre custa. Mas vale a pena.
…
10 de dezembro de 2017
Maria Teresa Sampaio
L'enfant au pigeon. Pablo Picasso
1 comentário:
Concordo contigo, mãe!
A vida tem muitos cambiantes, às vezes aproxima-se mais das cores escuras, outras vezes das cores pastel, e outras ainda, das cores do arco-íris. Na verdade, neste pantone de cores ainda há os degradés que servem para nos confundir ou para nos ajudar a escolher...Que haja sempre, um raio de sol, muitas cores, liberdade e escolhas.
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