Como se mede o sofrimento de um povo?
Um morto, cem mortos, mil mortos, chegam?
As imagens na televisão cansam, ferem a sensibilidade dos
mais frágeis, não é?
São demasiado horríveis: tantas crianças a morrer, a chorar,
a gritar, tanta gente a viver no meio dos escombros sem direito a literalmente
nada, a não ser a bombardeamentos massivos e aos efeitos letais das armas
químicas.
Hospitais bombardeados, tréguas negociadas que não são
cumpridas, auxílio humanitário que é desviado… um povo que é massacrado sem dó
nem piedade.
Tudo isto não chega para agitar consciências?
Eu sei que o assunto é incómodo: de um lado o Estado
Islâmico, dos outros, o governo de Al-Assad, a Rússia, o Irão, a Arábia
Saudita, os EUA, a França, a Turquia … e …e… não acaba o número de
intervenientes diretos ou indiretos que, se digladiam e lucram com a venda de
armas.
Segundo dados do Centro Sírio para Pesquisa Política,
divulgados pelo “The Guardian”, cerca de 400 mil sírios perderam a vida
diretamente devido à violência que consome o país, enquanto 70 mil pessoas
morreram por falta de acesso a tratamento adequado, medicamentos, água limpa ou
abrigo. O número de feridos é de um milhão e novecentas mil pessoas.
E nós, gente de consciência tranquila, continuamos a virar a
cara para não ver?
A indiferença só faz de nós piores seres humanos, à beira de
mais uma catástrofe.
Maria Teresa Sampaio
Vasco Gargalo
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