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quarta-feira, 4 de abril de 2018

1968 FOI HÁ 50 ANOS


O ANO MEMORÁVEL, LOUCO, INSUBMISSO, IRREPRIMÍVEL, MÍTICO DE 1968

Havia uma atmosfera de estranha realidade, que se caracterizava pela afirmação da individualidade e, simultaneamente, pela consciência da força da rebelião de massas. Tudo era possível. Até o impossível. Ou melhor, não havia impossível. O sonho comandava tudo e a liberdade estava ali, ao alcance de um megafone ou de mãos que se davam sem medo. Sem fronteiras, nem muros. A guerra no Vietname congregava todas as revoltas. Repudiava-se o capitalismo instalado mas também o marxismo ortodoxo do Leste europeu. Uma completa inversão de valores, contrários ao status quo vigente, movia multidões de jovens aguerridos, que por todo o lado, dos Estados Unidos à França, alastrava pelo mundo, com palavras de ordem criativas, como: "É proibido proibir."; "Corram camaradas, o velho mundo está atrás de vocês." “O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que reprime.”
Estudantes, operários e intelectuais uniam-se, pensavam alto em conjunto, lutavam contra as forças policiais com pedras. As greves ameaçavam a ordem instalada. 
Nos Estados Unidos Martin Luther King foi assassinado a 4 de abril de 1968, em Menphis. O racismo e o ódio enraizados na sociedade norte-americana de então não o deixaram viver mais do que 39 anos. Lutador pacífico, incansável e corajoso pelos direitos civis, contra o segregacionismo, já tinha sido alvo de outros dois atentados. Doutor em Teologia e Pastor da Igreja Batista, empenhou a sua vida numa luta pela igualdade de direitos para negros e brancos no seu país, arrastando centenas de milhares de pessoas nas marchas que encabeçou, sempre de forma pacífica. Em 1984 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz. Quatro anos depois, a sua voz calou-se para sempre, quando foi baleado. A sua morte provocou revoltas por todo o país, que provocaram mais de 40 mortos, 3.500 feridos e 27.000 presos. Dois meses depois, a 5 de junho de 1968, o senador Robert Kenedy, (irmão do presidente Kenedy,  assassinado em 1963), foi morto a tiro, durante a sua campanha para as presidenciais.
A juventude unia-se num movimento em uníssono, que foi o ponto de partida das grandes alterações sociais, éticas, políticas e sexuais que marcariam aquele ano de brasa e todos os que se seguiram. A defesa das minorias, dos direitos humanos, da igualdade de géneros, o início dos movimentos ecologistas e a formação das Organizações não Governamentais (ONG) viram a luz do dia e sedimentaram-se mais tarde.
Quem viveu esse ano mágico, mesmo que, depois se tenha desiludido, nunca mais o esqueceu. A imaginação tinha chegado, por momentos, ao poder.

Maria Teresa Sampaio

Martin Luther King

Robert Kenedy 

 Daniel Cohn-Bendit





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