Estas duas meninas gémeas teriam feito, ontem, 99 anos e eu
queria tê-las homenageado no dia certo, mas só agora consegui digitalizar esta
fotografia.
Quem pode adivinhar o que a vida lhe reserva mais tarde? Tantas
vezes penso nisso, não com qualquer saudosismo, mas com um sentido quase
literário da história de cada SER .
Ambas tiveram percursos diferentes, e marcaram as suas vidas
de forma muito distinta. Ambas cresceram, separaram-se, sofreram - muito - e voltaram a encontrar-se nas suas diferenças.
Ambas foram lutadoras incansáveis, nunca se deixando abater pelas
circunstâncias e, não obstante, a vida não foi meiga para elas. Penso nisso e
emociono-me. Gostava que tivessem sido felizes, ou mais felizes. Sentiam a dor,
física ou moral, de cada uma delas, ainda que pudessem encontrar-se em
continentes diferentes e nenhuma tivesse contado ainda à outra o que se estava
a passar. Eram gémeas idênticas. Fisicamente iguais, mas com feitios diversos,
ambas se tornaram muito belas.
Caminharam pela vida fora de cabeça bem erguida.
Uma chamava-se Maria da Guia e a outra Ermelinda. Aos sete anos de idade, quando pousaram para esta fotografia, não sabiam ainda que, anos mais tarde, uma outra criança se tornaria o centro das suas existências: eu. Ambas foram minhas mães, embora só uma, a Maria da Guia, fosse a que me abrigou durante nove meses no seu ventre. A Ermelinda foi ainda a minha madrinha. Ambas me deram muito amor. Diversamente. E eu? Amei-as muito, sim. Tenho uma saudade que chega a doer. Em certos dias, quando determinada hora se aproxima, ainda penso que lhes vou telefonar. Mas não, a realidade impõe-se, fria e determinante.
Quem é quem nesta fotografia, nem eu sei bem.
Com um dia de atraso celebro os aniversários das minhas duas mães. Se fossem vivas haveria de as cobrir de beijos e festas.
Parabéns, mãezinha e madrinha. Até um dia.
Maria da Guia Sampaio – 11 de Junho de 1921- 28 de Outubro de 2014
Ermelinda dos Santos Ferreira – 11 de Junho de 1921 – 1 de abril de 2001.
Caminharam pela vida fora de cabeça bem erguida.
Uma chamava-se Maria da Guia e a outra Ermelinda. Aos sete anos de idade, quando pousaram para esta fotografia, não sabiam ainda que, anos mais tarde, uma outra criança se tornaria o centro das suas existências: eu. Ambas foram minhas mães, embora só uma, a Maria da Guia, fosse a que me abrigou durante nove meses no seu ventre. A Ermelinda foi ainda a minha madrinha. Ambas me deram muito amor. Diversamente. E eu? Amei-as muito, sim. Tenho uma saudade que chega a doer. Em certos dias, quando determinada hora se aproxima, ainda penso que lhes vou telefonar. Mas não, a realidade impõe-se, fria e determinante.
Quem é quem nesta fotografia, nem eu sei bem.
Com um dia de atraso celebro os aniversários das minhas duas mães. Se fossem vivas haveria de as cobrir de beijos e festas.
Parabéns, mãezinha e madrinha. Até um dia.
Maria da Guia Sampaio – 11 de Junho de 1921- 28 de Outubro de 2014
Ermelinda dos Santos Ferreira – 11 de Junho de 1921 – 1 de abril de 2001.
Maria Teresa Sampaio
Mãe e madrinha com sete anos de idade
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