20 de julho de 2014
Antes que o mar venha apagar as minhas
memórias recentes na arreia da praia, deixo gravadas as sensações derradeiras
que guardo de ti, mãe. Para memória futura. Para que todos os que importam
saibam. Cada semana que passa sinto que te vais desligando. Desinteressas-te
pelo que se passa à tua volta ou respondes-me que não sabes, como se não
tivesse importância, quando te pergunto (para confirmar) onde está o teu cartão
de cidadão.
O teu coração bate cada vez mais de vagar. Olhas-me com toda a imensa
tristeza que existe num olhar de partida.
Hoje quando te abracei,
correspondeste ao meu abraço e disseste-me, baixinho, “minha querida filha”.
Saboreei o momento com tanta intensidade, como se fosse único. E era mesmo.
Nunca me habituaste a estes mimos.E agora, mãezinha, choro como se fosse chuva que cai e tudo molha.
Apagas-te aos poucos, como a chama ténue de uma vela e eu não
posso fazer nada para o impedir. Beijo-te o rosto e as mãos, e é tão pouco.
Em mim também uma coisa coisa muito importante se vai desvanecendo.
Eu peço ao Pai que te proteja, ajude, ilumine, não te deixe
sofrer e te dê muita paz. Tanta como eu preciso também.
mts
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