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terça-feira, 28 de julho de 2015

Adiamento


Dia a dia, hora a hora,
o meu país vai-se adiando.
A memória perde-se nas promessas
de um futuro sempre protelado.
A palavra crise já faz parte
do léxico normal de todos.
A fome e o desemprego
são o pesadelo real
dos que a nada mais têm direito.
A descrença e o desespero
instalaram-se numa rotina
tecida na hipocrisia dos gestos inúteis,
na arquitectura das palavras ocas.
Mas há quem teime em sonhar
e acalente a utopia,
quem forre com o musgo da esperança
esta pequena barca
que navega à deriva
entre os destroços de um projecto,
em direcção às águas límpidas
do oceano sem limites.






 Teresa Sampaio

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