Consente que te diga:
a vida é um jogo de crianças
que nos entretemos a fazer e desfazer
incessantemente.
Olha bem para mim.
Não sentes a magia do sol nas mãos ágeis
a queimarem-te imaginariamente o corpo?
Não vês como brinco com o novelo dos
dias
numa lúdica tarefa de construção e
destruição?
Não esperes que te desvende o sentido de
tudo.
Se quiseres, parte comigo à descoberta
do insondável.
Havemos então de nos perder
para encontrar a razão de estarmos aqui
a falar de política e de filosofia
à distância de milhares de anos-luz.
Repara: bastaria estendermos a mão
para desfazer o mal entendido das
palavras
e reduzir a nada este muro de
civilização
que, como adultos mentirosos,
nos afadigamos a erguer
cerimoniosamente.
Suspendamos um pouco este diálogo de
surdos
e sejamos as crianças que escondemos em
nós,
sem limites, sem preconceitos nem
timidez.
E, já agora, consente que te diga:
eu não sou só o que as minhas palavras
deixam transparecer, e tu também não és
apenas o sujeito burguês, formal,
que me fala de negócios como se de
poesia se tratasse.
Esquece por momentos o teu status.
Eu prometo não te desiludir.
E sabes porquê?
Porque vivo gulosamente a aventura
sempre que ela, meteoricamente, incendeia
os meus dias.
Teresa Sampaio
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