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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O 11 de setembro de 1973 no Chile.

Hoje, 11 de setembro de 2014, não posso deixar de assinalar este dia em que ocorreu o golpe de Estado no Chile, (11 de setembro 1973) levado a cabo por PInochet, contra o presidente, democraticamente eleito, Salvador Allende.
O número de vítimas ascendeu a cerca de 40.000,  tendo existido 30.00 prisioneiros políticos, submetidos às mais desumanas torturas.
2500 estudantes foram expulsos das escolas e 20.000 operários detidos.
A casa de Pablo Neruda em Santiago do Chile foi saqueada e os seus livros incendiados.

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EU NÃO ME CALO

Perdoe o cidadão esperançado
minha lembrança de ações miseráveis,
que levantam os homens do passado.
Eu não preconizo um amor inexorável.
E não me importa pessoa nem cão:
só o povo me é considerável:
só a pátria me condiciona.
Povo e pátria manejam meu cuidado:
Pátria e Povo destinam meus deveres
e se logram matar o revoltado
pelo povo, é minha Pátria quem morre.
É esse meu temor e minha agonia.
Por isso no combate ninguém espere
que fique sem voz minha poesia.

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Pablo Neruda

In: O testamento poético de Pablo Neruda. Incitamento ao Nixonicídio e louvor da Revolução Chilena. Tradução de Alexandre O'Neill. Agência Portuguesa de Revistas. Lisboa. 1975


NOTA: Na introdução a este livro, Pablo Neruda escreveu:
"Não tenho cura: contra os inimigos do meu povo a minha canção é ofensiva e dura como pedra araucana.
Pode ser esta uma função efémera, mas cumpro-a. E recorro às armas mais antigas da poesia, ao canto e aos panfletos usados por clássicos e românticos e destinados à destruição do inimigo.
Agora, firmes, que vou disparar!"


 



 


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