Hoje, 11 de setembro de 2014, não posso deixar de assinalar este dia em que ocorreu o golpe de Estado no Chile, (11 de setembro 1973) levado a cabo por PInochet, contra o presidente, democraticamente eleito, Salvador Allende.
O número de vítimas ascendeu a cerca de 40.000, tendo existido 30.00 prisioneiros políticos, submetidos às mais desumanas torturas.
2500 estudantes foram expulsos das escolas e 20.000 operários detidos.
A casa de Pablo Neruda em Santiago do Chile foi saqueada e os seus livros incendiados.
O número de vítimas ascendeu a cerca de 40.000, tendo existido 30.00 prisioneiros políticos, submetidos às mais desumanas torturas.
2500 estudantes foram expulsos das escolas e 20.000 operários detidos.
A casa de Pablo Neruda em Santiago do Chile foi saqueada e os seus livros incendiados.
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EU NÃO ME CALO
Perdoe o cidadão esperançado
minha lembrança de ações miseráveis,
que levantam os homens do passado.
Eu não preconizo um amor inexorável.
E não me importa pessoa nem cão:
só o povo me é considerável:
só a pátria me condiciona.
Povo e pátria manejam meu cuidado:
Pátria e Povo destinam meus deveres
e se logram matar o revoltado
pelo povo, é minha Pátria quem morre.
É esse meu temor e minha agonia.
Por isso no combate ninguém espere
que fique sem voz minha poesia.
minha lembrança de ações miseráveis,
que levantam os homens do passado.
Eu não preconizo um amor inexorável.
E não me importa pessoa nem cão:
só o povo me é considerável:
só a pátria me condiciona.
Povo e pátria manejam meu cuidado:
Pátria e Povo destinam meus deveres
e se logram matar o revoltado
pelo povo, é minha Pátria quem morre.
É esse meu temor e minha agonia.
Por isso no combate ninguém espere
que fique sem voz minha poesia.
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Pablo Neruda
In: O testamento poético de Pablo Neruda. Incitamento ao Nixonicídio e louvor da Revolução Chilena. Tradução de Alexandre O'Neill. Agência Portuguesa de Revistas. Lisboa. 1975
NOTA: Na introdução a este livro, Pablo Neruda escreveu:
"Não tenho cura: contra os inimigos do meu povo a minha canção é ofensiva e dura como pedra araucana.
Pode ser esta uma função efémera, mas cumpro-a. E recorro às armas mais antigas da poesia, ao canto e aos panfletos usados por clássicos e românticos e destinados à destruição do inimigo.
Agora, firmes, que vou disparar!"
Agora, firmes, que vou disparar!"
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