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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ao menos isso...

Ele falou, falou e disse: 
Acabe-se com o que falta para dar cabo da vida dos portugueses. 
O País precisa de empobrecer!
Os jovens  que emigrem!
Os desempregados que sejam criativos.
Os reformados não podem descansar depois de toda uma vida de trabalho. Que a bolsa lhes seja aliviada!


Mas os ricos e poderosos,  fiquem descansados. Nada temam..
Extermine-se os que nada têm e deixe-se morrer lentamente, à fome e por falta de medicação, os reformados pobres.
Para ele, só os poderosos merecem ser poupados. 
Nós pagamos para eles e por eles.
Uns terão que deixar o seu país em busca do trabalho que aqui lhes é negado. 
Outros continuarão a dar as casas aos Bancos, a comer a sopa do Sidónio e a fazer filas para receberem mantimentos do Banco Alimentar, para matarem a fome aos filhos e a própria. As crianças – ele não se lembrou delas – se  comerem uma refeição por dia na escola e se conseguirem livros para estudar nos bancos de trocas  de manuais escolares, podem considerar-se felizes.  Outros terão de enganar o estômago com uma restos de comida dos caixotes do lixo. 
Mas isso que importa?

Ele falou. Falou. Disse o que ninguém queria ouvir.
Mas ele é surdo aos clamores indignados. Escapa-se pelas traseiras. Já tem prática.

Uns dirão que é fado nosso. Outros, que a culpa é da Troika.

Ele que não se incomode: somos os bons alunos da Europa e disciplinados. Temos uma herança de 48 anos de ditadura. 
Por que haveríamos nós de nos indignar agora, quando já nos cansámos a fazer o 25 de Abril de 1974 e perdemos tudo?
Perdão. Tudo não. Ficou-no-nos a Liberdade. É por isso que aqui estamos a dizer o que pensamos.
Ao menos isso....


Fotografias de André Boto

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