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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

SÍRIA. O grito


A minha convicção profunda é que o futuro não está escrito em lado algum, o futuro será aquilo que façamos dele.
E o destino? perguntarão alguns, com um piscar de olho ao oriental que eu sou. Tenho por hábito responder que, para o homem, o destino é como o vento para um veleiro. Quem se encontra ao leme não pode controlar de onde sopra o vento, nem com que força, mas pode orientar a sua própria vela. E isto faz por vezes uma diferença dos diabos. O mesmo vento que faria parecer um marinheiro inexperiente ou imprudente, ou mal inspirado, levará a bom porto o outro. [Amin Maalouf. As Identidades Assassinas. Difel]



A imagem das crianças sírias mortas ou refugiadas, a imagem de todos os seres vivos mortos e refugiados, a GUERRA, enfim, agride-me o olhar, esfrangalha-me o coração, revolta-me, insubordina-me, insurreciona-me.



Não sou capaz de pensar e viver apenas (o que já é demais) os problemas do meu país. O mundo inteiro é meu vizinho. Todos os outros são meus irmãos.

Obama, cuja eleição tanto me emocionou e trouxe esperança, vai “atuar” na Síria, com o apoio entusiasta do Congresso norte - americano.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, John Boehner, disse que “só os Estados Unidos têm a capacidade de parar Assad e de alertar os outros [governantes] do Mundo que este tipo de comportamento não vai ser mais tolerado”


Tem-se visto os exemplos dignificantes que os EUA têm dado: as intervenções, as invasões, as ocupações, a teimosia crónica em avançar onde quer que haja petróleo, não olhando a meios para atingir os fins, a instituição da mentira. como forma mais cómoda de ocultação da verdade, as operações enviesadas da CIA.


Segundo contas feitas desde a Guerra Revolucionária de 1775-1783, passando por todas as outras guerras, invasões e operações com os nomes mais gráficos como o de “Tempestade no Deserto” até agora, os EUA já estiveram praticamente em guerra mais de 200 anos. 
Lembram-se do Iraque, do Afeganistão, do Vietname, da Coreia do Norte?
Pois é. Agora é a Síria, para não perderam o jeito.
François Hollande arranjou uma manobra de diversão para os problemas graves da França e alinha com os EUA. O parlamento do Reino Unido disse não e David Cameron susteve os ímpetos, O Governo português, todo em biquinhos dos pés, alinha com Barac Obama.

Reparem que ninguém fala em guerra. Agora usam-se "delicadamente" eufemismos, como "ação militar", ou "ações cirúrgicas". Um soldado americano que, por acaso fica sem pernas, foi simplesmente atingido por “fogo amigo”. Tudo muito assético, muito inócuo, muito distante. E não há mortos, não senhor. Apenas e tão só "danos colaterais".
Que vergonha! Isto é lançar gasolina para a fogueira.
Os refugiados sírios passaram de 200 mil para dois milhões em apenas um ano.
Mais de metade dos que fogem da Síria são crianças e os países vizinhos estão a ficar sobrelotados.

No passado dia 23 de Agosto, a Unicef e o O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)  deram a conhecer que o número de crianças forçadas a abandonar a Síria tinha chegado a um milhão. Acrescem, por outro lado, mais dois milhões de jovens menores de idade que continuam no país, a serem atacados ou recrutados como combatentes.

O alto comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, descreveu a Síria como uma “calamidade humanitária” onde se encontra um número de refugiados “sem paralelo na história recente.









Mas, o mundo pode ficar sossegado, que os EUA e os seus aliados, Israel, França, Portugal e os que mais disserem sim, vão dar boa conta do recado.
O Irão nem sequer constitui uma ameaça… Ora essa...




Bashar al-Assad já avisou que um ataque externo contra o seu regime pode desencadear “uma guerra regional” numa zona do mundo que considera (e não é o único) “um barril de pólvora”.


Quem para Bashar al-Assad?
Quem para os EUA?
Quem para a venda de armas pela Rússia ao Governo da Síria?
Quem para a indústria bélica?
Quem acaba com o apoio nervoso da China a todos os governos ditatoriais, entre os quais, a Síria de Assad se inscreve?
Quem põe fim ao fabrico, venda e uso de armas químicas?



Quem para este fragor de GUERRA?




A comissão senatorial dos EUA para os Negócios Estrangeiros aprovou hoje - 4 de setembro de 2013 - uma resolução que autoriza um ataque militar à Síria. Segundo o Diário Económico, "Esta foi a primeira votação a favor do uso da força desde outubro de 2002, quando o Congresso aprovou a invasão do Iraque, e a quarta vez desde a guerra do Vietname." Acrescenta ainda o mesmo jornal, que "A sessão plenária do Senado deve votar o documento na próxima semana, ficando a faltar a sua discussão e votação posterior na Câmara dos Representantes." Tudo está em marcha.

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