Há dias de tanta angústia
Que não sei do que ela é.
Não sei se me sobra o sonho.
Não sei se me falta a Fé.
Que não sei do que ela é.
Não sei se me sobra o sonho.
Não sei se me falta a Fé.
Fernando Pessoa
Estes têm sido dias como esses de
que Fernando Pessoa escreveu com tanta alma e génio.
Ouvir, ler e ver, logo pela manhã
o horror que se passa em Gaza; ver homens palestinianos correndo, por entre os
destroços daquele pedaço martirizado de terra, com os filhos mortos nos braços;
sentir a dor das mulheres, mães e avós que pranteiam, de olhos postos no céu;
ver aquele povo à procura das casas que as bombas israelitas já destruíram e,
em seu lugar, encontrar pedras; verificar que o vírus Ébola vai alastrando e ceifando
os desafortunados, em África; saber e sentir na pele que, em Portugal, continuam a ser os mais
desprivilegiados a pagar a crise e ter a certeza que os grandes gatunos e
biltres - os donos de Portugal - vão escapando nas malhas de um Estado corrupto e nepotista, que não só
os protege como também os recompensa e galardoa; tudo isto e muito mais cria em
mim uma angústia, um nojo e uma vergonha, que quase conseguem envenenar-me os
dias e torná-los negros como uma noite sem luar nem estrelas.
Hoje, não consigo sentir alegria.
Quase me sentiria culpada.
Há dias assim, em que todo o pranto não chega para chorar tanto mal e a própria esperança parece envenenada.
Há dias assim, em que todo o pranto não chega para chorar tanto mal e a própria esperança parece envenenada.
mts
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