Era um tempo de muita luz e poucas sombras. Ele chegava
devagar. Ela acolhia-o com o sol no olhar. As mãos davam-se em concha e
transformavam o dia.
A cidade não lhes bastava. Os muros asfixiavam a sua
esperança. Um dia ascenderam, nos braços um do outro, sobre as casas e
encontraram-se a sonhar no azul da
noite.
Os sentidos conjugavam-se na liquidez do amor. Tanto que o
ar cheirava a cravos vermelhos e as palavras soavam a música.
Os dias sucederam às noites. As primaveras anteciparam os invernos. Pássaros brancos da cor do luar cruzaram o céu. Barcos ancoraram na
raiz dos dias.
(Tu voltavas sempre que um poema ou uma música te acordavam
na casa do meu ser.)
La Valse. Camille Claudel (1864-1943. França). Musée Rodin. Paris.
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