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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Era um tempo...

Era um tempo de muita luz e poucas sombras. Ele chegava devagar. Ela acolhia-o com o sol no olhar. As mãos davam-se em concha e transformavam o dia.
  
A cidade não lhes bastava. Os muros asfixiavam a sua esperança. Um dia ascenderam, nos braços um do outro, sobre as casas e encontraram-se  a sonhar no azul da noite.

Os sentidos conjugavam-se na liquidez do amor. Tanto que o ar cheirava a cravos vermelhos e as palavras soavam a música.

Os dias sucederam às noites. As primaveras anteciparam os invernos. Pássaros brancos da cor do luar cruzaram o céu. Barcos ancoraram na raiz dos dias.
  
(Tu voltavas sempre que um poema ou uma música te acordavam na casa do meu ser.)

 Maria Teresa Sampaio

La Valse. Camille Claudel (1864-1943. França). Musée Rodin. Paris.

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