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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Portugal, entre a fome e a loucura

Quando muito se sofre, muito se cala e não há dinheiro, ou se há não chega;
Quando aos avós, que ajudam filhos e netos, é usurpada parte da pensão, depois de terem trabalhado e descontado toda a vida;
Quando os casais perdem o emprego e veem as suas casas serem leiloadas pelos Bancos;
Quando os jovens licenciados, que estudaram toda a sua vida para terem um curso, que os pais custearam, são obrigados a emigrar;
Quando há pessoas que comem diretamente dos caixotes de lixo, enquanto outros engrossam as filas da fome;
Quando cada dia é pior que o anterior e o futuro é uma miragem;
Quando já nem se pode ir à farmácia, nem ao médico;
Quando tu e eu já não somos nós, mas estranhos que se afundam numa tristeza sem fim à vista;
Quando uns tomam comprimidos para se suicidar – se os têm – e outros se enforcam nas árvores da terra ou no fio do candeeiro do teto;
Quando já não se estranha ouvir alguém falar sozinho na rua;
Quando se ouvem vozes que nos comandam, mas não existem;
Quando aqueles que comandam as nossa vidas, ocuparam o nosso país e de braço dado com quem nos governa completam o saque do que ainda resta;

Então sim, estamos em Portugal.

mts

“De acordo com o primeiro estudo epidemiológico de saúde mental, Portugal é o país da Europa com mais doentes mentais. Um em cada cinco portugueses já sofreu de perturbações psiquiátricas e quase metade teve um distúrbio mental durante a vida” (In Expresso).

Edvard Munch. O grito

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