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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Chamava-se Nelson Antunes.

Um miúdo de 15 anos enforcou-se numa árvore perto de casa. Chamava-se Nelson Antunes.
Não aguentou a humilhação das agressões a que foi sujeito por colegas, na escola.
Não aguentou o desamparo, a solidão, a falta de solidariedade, a incompreensão, a vergonha. 
Foi no recreio. Despiram-no. Troçaram dele. 

Ninguém deu por nada. Nem professores, nem auxiliares, ninguém, para além dos que causaram a sua morte precoce, na EB 2,3 de Palmeira, em Braga.

A Inspeção da Educação anunciou que investiga o caso. 
Abriu-se um inquérito.
É o remédio habitual: abrir inquéritos, onde, depois, nada se apura e tudo continua na mesma.

E os pais nunca se aperceberam de nenhuma diferença no comportamento do filho? Não repararam em nada, nem na tristeza, nem no nervosismo que, forçosamente, teria demonstrado? Não se aperceberam de nenhuns sinais de desespero? Pergunto apenas, sem julgar.

Que sistema educativo é este, que deixa que situações como esta aconteçam?


Que sociedade é esta, onde apenas se valoriza  a aparência, o dinheiro, o estatuto social?
O meu país está a afundar-se na ausência total de valores morais e humanistas.

As árvores do meu país, já não são árvores de jardim ou de campo. 
São árvores onde os velhos isolados e desamparados e os adolescentes humilhados e torturados, atam cordas em volta do pescoço, deixam cair os corpos frios e desaparecem para sempre.

Olhai gente digna, o país está a afundar-se. ACORDAI!


Chamava-se Nelson Antunes e tinha apenas 15 anos.

mts

Francisco Goya

1 comentário:

catarina disse...

Nelson Antunes, 15 anos.
É preciso que a morte tenha um nome, um rosto, uma idade. Ontem acordei com a notícia da morte de Nelson Antunes de 15 anos e já não consegui fechar os olhos, fiquei profundamente triste, revoltada, indignada. Os casos repetem-se, tal como a impunidade de todos aqueles que não atuam. No meu tempo também já havia bullying mas ninguém lhe dava este nome. Já havia humilhação na escola e abusos à integridade (física e psicológica)de crianças e jovens,que antes de serem alunos, desconheciam este tipo de violência, e que foi na escola que a aprenderam. A Escola não é isto, não pode ser isto, nem os pais, nem os professores, nem os auxiliares de educação, nem os outros alunos, amigos e colegas se podem demitir de agir, de parar esta violência vil e cobarde, perigosa e mortal. Todos sabemos disto, mas nem todos mantém os olhos bem abertos. :(