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sábado, 18 de janeiro de 2014

Ver para crer

Até ao fim idolatraram Hitler.
Até ao fim acreditaram que o regime nazi ocuparia o mundo e exterminaria o povo judeu, os ciganos, os homossexuais,  os deficientes, os indesejados, os que não fossem da "pura raça ariana".
Até ao fim, mesmo quando as forças aliadas libertavam os países ocupados, entravam vitoriosas no solo alemão e os soviéticos hasteavam a bandeira comunista no Reichstag, os alemães acreditaram num cabo de guerra, ditador, lunático e psicopata.
Todos sabiam da existência dos campos de concentração e do extermínio de milhões de pessoas, do trabalho escravo que alimentava a economia alemã, do transporte das pessoas como gado amontoado, que acabavam por morrer asfixiadas, no meio dos próprios excrementos. 
Muitas mulheres ofereciam-se como voluntárias para os campos de extermínio e, friamente, despojadas de humanidade e de alma, torturavam e matavam.

Falo dos alemães, naturalmente.
Os que não mataram, mas que calaram e se submeteram foram cúmplices do inominável horror.

É preciso que o povo alemão e todos os que negam os crimes do regime nazi vejam o filme de Hitchcock sobre o holocausto, que foi retido durante 70 anos até ser agora liberado.

mts
***

“Memória dos Campos” é conhecido como o documentário nunca visto de Alfred Hitchcock sobre o Holocausto.  A película, realizada em 1945 para mostrar aos alemães as atrocidades nazis e vetada pelos aliados devido à brutalidade das suas imagens, está finalmente pronta para ser mostrada ao público. 
Em 1945, Alfred Hitchcock ficou em choque. O “mestre do suspense” ficou tão horrorizado ao ver as imagens da chegada das tropas aliadas aos campos de concentração, no fim da Segunda Guerra Mundial, que ficou uma semana sem conseguir voltar aos estúdios. Em seguida, empenhou-se na produção do filme, que editaria as imagens chocantes para mostrar aos alemães a dimensão dos horrores do Holocausto.
No entanto, as autoridades britânicas consideraram o filme tão forte que não permitiram o seu lançamento oficial. Numa época em que as potências vencedoras estavam interessadas em reconstruir a Alemanha, uma obra que  apontasse o dedo e atribuisse responsabilidades à população alemã em geral, de forma tão poderosa, não seria a melhor solução.
O jornal Independent conta que as bobines de ”Memória dos Campos“, como se chamou a obra, ficaram durante anos armazenadas no Museu Imperial da Guerra. Em 1984, uma versão incompleta foi projectada no Festival de Cinema de Berlim. No ano seguinte, foi transmitida nos EUA, pela cadeia de televisão PBS, uma versão de baixa qualidade.
Foi apenas para os 70 anos da libertação da Europa do poder nazi, que se completam em 2015, que o museu decidiu restaurar o filme de forma a mostrá-lo, oficialmente, ao mundo.
Afinal, que filme é este?
São imagens da chegada das tropas aliadas aos campos de concentração, sendo recebidos pelos sobreviventes e, em seguida, recuperando os debilitados e encontrando os corpos dos que morreram por doença ou extermínios em massa.
Filmadas por soldados britânicos e soviéticos, as imagens revelam campos de concentração como AuschwitzBergen-Belsen (cerca de metade do filme), Buchenwald e Dachau.
Toby Haggith, curador principal do Museu Imperial de Guerra, descreve ao Independent que um dos comentários mais comuns entre os que viram as primeiras versões do filme era que o filme “era terrível e brilhante, ao mesmo tempo”.
A ser transmitido na televisão britânica em 2015, as projeções do filme serão acompanhadas de um outro documentário, “The Night Will Fall“, de André Singer." 
Crianças judias sujeitas a experiências médicas nos campos de morte.



1 comentário:

catarina disse...

Não há palavras para o horror mas se há imagens e filmes que sejam mostradas...testemunham o que os mortos não conseguiram.