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sábado, 4 de janeiro de 2014

O empobrecimento dos portugueses

O Governo vai, paulatinamente, conseguindo os seus intentos, os da Troika e da sr.ª Merkel, ziguezagueando entre as decisões do Tribunal Constitucional.

O mais aterrador dos seus objetivos, há muito anunciado, com a enorme frieza dos que desafiam, fria e calculadamente, o silêncio aterrador da maior parte da população e a ineficácia da oposição, é o empobrecimento dos portugueses.

Não há quem não o sinta na carteira, no mês que sobra, no emprego que não volta, na pensão que definha, na incapacidade de aceder aos cuidados de saúde, de pagar a casa, a comida e a conta da farmácia.

Não pretendo ser exaustiva.
Ficava exausta.

Perdão, há quem não tenha estes problemas porque é imensamente rico. Provavelmente 1% da população. Esses banqueteiam-se com os lucros, com as moradias de luxo, os iates e as contas a cresceram em bancos estrangeiros.

Mais uma vez não pretendo ser exaustiva.
Ficava Exausta.

Historicamente, os movimentos totalitários apareceram quando os regimes apodreciam pela inércia e ineficácia dos partidos. Sustentaram-se nas “massas”, considerando como tal a imensa maioria atomizada, inerte, amorfa, neutra, que não se filia em partidos, que ostenta, com jactância ou até mesmo silenciosamente, a sua indiferença em relação aos negócios públicos e às questões de política e raramente exerce o seu direito de voto ou a sua cidadania. Foram estas “massas” o húmus dos ditadores que as souberam manipular, por uma capacidade invulgar de propaganda política. Foram estas massas que aceitaram tudo o que lhes era exigido até à perda absoluta da sua dignidade.

Parece-me que estamos a chegar, se é que não chegámos já, a esta situação.

Não preciso de ser exaustiva.
Estou exausta.

Mas estou bem acordada e não sou tapete de ninguém.

mts


 Foto: Sean Izzard

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