Havia um portal.
Depois dele havia uma porta aberta.
Dentro apenas se descobria umas escadas.
Cada vez que passava por ali, do lado de fora desse
portal, interrogava-se sobre quem vivia lá, mas nunca avistava ninguém.
Um dia quando de novo por ali passou, ouviu um burburinho,
o restolhar de saias e véus, alguém que descia as escadas, então iluminadas. Uma
noiva de branco, com um comprido véu, atravessou a porta e o portal, quase
correndo. Apenas um homem de meia-idade, que pela forma carinhosa como a
tratava, devia ser o pai, a seguia, com esforço. Via-se que estava doente. Ia
entregar a filha ao noivo, como era costume, na igreja que ficava perto.
Afinal, pensou, depois de ter parado para ver cena, havia
vida naquela casa. Uma, em breve se soltaria…
Quando, alguns anos mais tarde, por ali passou, as cores
tinham mudado. Tudo era alaranjado, definido por um azul luminoso.
Ouviu uma chilreada de crianças que, logo, desceram as
escadas a correr e atravessaram o portal.
mts
Fotografia de Pete Turner.
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