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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Brasa

0lho a rosa que nasce dos teus lábios,
as estrelas no fundo líquido do teu olhar
e enlouqueço de alegria
quando me colhes como flor selvagem
e me presenteias com beijos ávidos.
Deixamo-nos envolver até à claridade maior da alma,
nas visões e nos encantos milenares
deste fogo que nos consome na volúpia de existir.
Cada dia, cada momento, à beira de nada e de tudo.
Vamos pela vida a caminho do desconhecido
sem nada esperar, para melhor
colher alegrias e surpresas.

E é isso que tu, melhor do que ninguém, sabes fazer,
entregares-te sem reservas nos meus braços  e amares–me
como se estivéssemos fora do tempo e das sombras.

Ai, amor, amor, abandonemo-nos no silêncio
mesclado de sentidos que tão bem entendemos.
Fiquemos assim abraçados, olhar no olhar, mãos nas mãos,
sem nada esperar. Sabendo que tudo pode sempre acontecer.

Para além de todos os limites, de espaço e de tempo,
voamos, tu e eu, com asas entretecidas de sonhos,
rumo a um horizonte sem fim.


Maria Teresa Sampaio

Christian Schloe (Áustria)

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