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domingo, 11 de setembro de 2016

Chile, 11 de setembro de 1973 – 11 de setembro de 2016

Passam hoje 43 anos sobre o golpe militar de Pinochet (apoiado pela CIA), responsável pela morte do (democraticamente eleito) Presidente Salvador Allende, pela tortura e morte de milhares de pessoas e pelo desaparecimento de outras tantas. Mas, desta vez, há motivos para celebração.

Os atentados contra os direitos humanos, no Chile, no Vietname, na Síria, no Iraque, onde quer que sejam perpetrados, não prescrevem nunca. Um tribunal de Orlando, nos Estados Unidos, declarou, por unanimidade, culpado pelas torturas e assassínio de Victor Jara, o militar Pedro Barrientos, e ordena uma compensação de 28 milhões de dólares aos familiares. 

Emocionadas, mulher e filhar de Jara afirmaram, à saída do tribunal, que este era “o princípio da justiça para todas as famílias que, como nós, a esperam há tantos anos.” Por outro lado, a advogada Kathy Roberts, do Centro para a Justiça e Responsabilização (CJA), com sede em São Francisco, destacou: “Este veredito supõe uma mensagem não só para outros perpetradores, como também para o Governo dos Estados Unidos, para que agilize a petição de extradição de Barrientos para o Chile”. 

Victor Jara foi um cantor, compositor e ativista político, torturado e morto aos 40 anos, no Estádio Nacional de Santiago do Chile, perante o testemunho de milhares de pessoas, ali presas, a maior parte das quais, também foi morta. Porém, o jornalista chileno Miguel Cabenzas descreveu os acontecimentos da morte de Jara à America’s University Review.

«Segundo o jornalista, citado pelo 'The Guardian' e em Portugal pelo ‘Observador’, “os presos eram colocados nas bancadas do Estádio Nacional, com os militares a apontarem armas às pessoas a partir do campo. Periodicamente eram disparadas salvas contra a multidão e “os corpos rolavam pela bancada”. O jornalista referiu que os corpos eram deixados nas bancadas e que aqueles que não comiam há dias vomitavam sobre os cadáveres. […] Jara ainda se dirigiu às bancadas onde se sentou em silêncio até que alegadamente, terá dito: “Bem, camaradas, vamos fazer o favor ao oficial” e começou a entoar o hino da Unidade Popular, o partido do presidente chileno deposto, Salvador Allende.

Vários presos juntaram-se a cantar, até serem interrompidas por uma rajada disparada por um militar que terá acertado com uma bala na cabeça de Jara levando à sua morte, no dia 15 de setembro, dois dias depois de ter sido detido. O autor dessa rajada foi Pedro Pablo Barrientos Nuñez».

O corpo de Jara apresentava 44 ferimentos causados por balas, as mãos quebradas e várias escoriações, quando foi largado perto do Estádio Nacional do Chile. 

Victor Jara tornou-se um símbolo internacional da luta pelos direitos humanos e a esperança de justiça para as famílias dos milhares de mortos e desaparecidos, vítimas da tirania instaurada pelo General Pinochet a 11 de setembro de 1973 no Chile.


Aguarda-se ainda a sentença que deverá ser ditada relativamente à investigação sobre a morte do poeta Pablo Neruda para averiguar as suspeitas de que foi envenenado.

Pinochet morreu em 2006 sem ser condenado, protegido por inimputabilidade, apesar de ter sido detido pela 'Scotland Yard', em Londres, acusado de crimes de genocídio, terrorismo e torturas. 

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